domingo, 7 de novembro de 2010

Porque Deus não se ofende com os nossos questionamentos!


Meu Deus, me dê a coragem de viver trezentos e sessenta e cinco dias e noites, todos vazios de Tua presença. Me dê a coragem de considerar esse vazio como uma plenitude. Faça com que eu seja a Tua amante humilde, entrelaçada a Ti em êxtase. Faça com que eu possa falar com este vazio tremendo e receber como resposta o amor materno que nutre e embala. Faça com que eu tenha a coragem de Te amar, sem odiar as Tuas ofensas à minha alma e ao meu corpo. Faça com que a solidão não me destrua. Faça com que minha solidão me sirva de companhia. Faça com que eu tenha a coragem de me enfrentar. Faça com que eu saiba ficar com o nada e mesmo assim me sentir como se estivesse plena de tudo. Receba em teus braços meu pecado de pensar.

                                     (Clarice Lispector)



As Borboletas - Cecília Meirelles


Brancas, Azuis, Amarelas E pretas
Brincam Na luz As belas Borboletas


Borboletas brancas
São alegres e francas.


Borboletas azuis
Gostam muito de luz.

As amarelinhas
São tão bonitinhas!



E as pretas, então . . .
Oh, que escuridão!


























P.S. Para minhas crianças da Creche, pela capacidade de criar momentos felizes mesmo vivendo em circunstâncias tão adversas. Vocês são verdadeiros heróis e heroínas!!!

sexta-feira, 5 de novembro de 2010






Motivo

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno e asa ritmada.
E sei que um dia estarei mudo:
- mais nada

(Cecília Meireles)


domingo, 3 de outubro de 2010

POLISSEMIA!!!



Eu não sei dizer
O que quer dizer
O que vou dizer
(Zeca Baleiro)



POLISSEMIA, segundo o dicionário da língua portuguesa, é o fato de uma palavra ter muitos significados. Assim, qualquer termo pode ser interpretado ou ressignificado, carregado de intenções. Sempre, sempre mesmo, fui chamada de revoltada. Isso me deixava muito infeliz, inferior, desequilibrada, menos importante, menos confiável ou respeitável, considerável???? Afinal, quem vai dar ouvidos a uma pessoa revoltada? Daí, por felicidade, li o livro Caminhos de Pedras, da escritora cearense Raquel de Queiroz. O livro narra a saga de um casal de ativistas políticos. No romance há uma discussão muito calorosa sobre a possibilidade, e viabilidade, de um jovem da classe abastada, o jornalista Roberto, filiar-se ao Partido Comunista. Este, a fim de convencer  os companheiros de sua convicção política defende-se dizendo: "eu devo sim entrar no partido, eu sou um REVOLTADO(!!!).  Ora, a escritora busca na época (1937) discutir a organização partidária no Ceará, para isso usa o termo revoltado com um sentido positivo. Somente os revoltados eram dignos de fazer parte desta militância. Revoltado neste contexto seria aquele que se encontrasse indignado com a atual situação política e social do estado. Agora, alegro-me em ser chamada de revoltada, afinal, sou realmente indignadíssima com muitas coisas, dentre estas, a mediocridade humana. Bem, tudo isso para dizer que outro dia deram-me um conselho. Aconselharam-me a ser mais humilde. Isso porque sugeri que algumas companheiras de profissão (minhas caras colegas professoras) sabiam pouco a respeito de um tema que estávamos discutindo, pois nenhuma tinha buscado apoio teórico e estavam tentando construir um projeto de trabalho fundamentado em representações sociais, "achismos e discordismos". Ora ser humilde! O que é isso? É reconhecer-se como menos capaz? Ou negar aquilo que somos?  Imaginei uma Dra. em Educação que tenha dedicado muito de seu tempo para pesquisar sobre a Educação Infantil, esta chega para uma palestra e diz: estou aqui humildemente para partilhar um pouco do que eu sei, vocês sabem tanto quanto eu... Paciência!!! Isso pra mim é autodepreciação. Uma atitude de rebaixamento. Imagine um leão dizendo ao ratinho: ó querido ratinho nós temos a mesma força e a mesma sagacidade, desta forma, mesmo morrendo de fome não irei devorá-lo. Seria ridículo e piegas. Ter plena consciência de que somos estudiosos, que nos preparamos para uma prova ou seleção e por isso seremos bem classificados, não significa que somos soberbos. Para Baruch Espinosa (1632- 1677), humildade não é virtude. O filósofo também diz, na sua proposição número 53: "Ora, à medida que o homem conhece a si mesmo pela verdadeira razão, supõe-se que compreende sua essência, isto é, sua potência..." Assim reconheço-me como inteligente. E mais, estudo com afinco para defender minhas idéias. As palavras RADICAL, HUMILDE, SOBERBA, não me oprimem mais. Sei muito bem da potência de cada uma, mas dou a elas o sentido que eu quiser. Precisamos, urgentemente, resgatar o sentido das palavras, dos atos, dos discursos. Até breve!  

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Educação Infantil de Qualidade!


Eu nunca ouvir falar de um oftalmologista realizando cirurgia de coração. Tampouco que um ginecologista realizasse transplante de córnea. Ainda bem! No entanto, se na medicina ocorre tudo bem, pelo menos no que diz respeito às Especialidades e uso das funções, na educação não é bem assim. Principalmente quando se trata de um segmento pouco valorizado, no qual os professores são tratados como professores marginais. Estou me referindo à Educação Infantil. Como professora de crianças pequenas expresso aqui a minha queixa contra o descaso do poder público com esta etapa da Educação Básica, principalmente quando se trata da Creche, instituição que atende em tempo integral crianças de zero a três anos. Ora, temos em salas de aula donas de casa que participam diretamente da educação das crianças. São as auxiliares de sala. Quero deixar bem claro que não tenho nada contra estas pessoas, nem ignoro que estas tenham seus diversos saberes. Todavia, espera-se, que para cada função exija-se, e se necessite, de um saber específico.
Mas, pensando bem, quem tem esse saber específico? As professoras? As coordenadoras? As chefes de distritos? Outro dia após ser convidada a calar e ficar quietinha, visto que ainda estou no estágio probatório, estágio este que dura três amargos e subservientes anos, ouvi de uma chefe muito superiora que cada pessoa tem um saber e este deve ser valorizado. Estamos vivendo um processo de aprendizagens mútuas. Assim, se uma professora sabe desenhar, pode perfeitamente cooperar com as colegas, assim como, àquela que sabe cantar, decorar salas, enfim, cada um com seu talento forma o corpo docente da creche. Isto muito me preocupou. Mas, tentando manter o bom humor pensei em chamar a Xuxa ou o Sílvio Santos para dar uma voltinha na Educação Infantil. Não há quem duvide, acredito, que ambos são talentosíssimos. Foi dái que me surgiu as indagações a respeito das funções de cada um. É realmente revoltante ver o descaso com a Educação Infantil. Descaso dos gestores e de alguns (muitos) professores que tratam as crianças como pequenos seres adestráveis, domináveis,  ensináveis, decoráveis... dentre outros áveis. Bem, descupando-me dos neologismos, volto à querela contra isso aí que chamam de Educação. Ora, o mínimo que se espera é que nossas amigas e companheiras (uso o feminino porque não tomei conhecimento de haver homens atuando como professor de creche) tenham lido os teóricos, a LDB, os Referenciais Nacionais para a Educação Infantil, enfim, que tenham o conhecimento básico para lidar com as crianças. Desta forma, evitariam os  rótulos de hiperativas, impossíveis, mal educadas, dentre outros adjetivos. Além dos muitos preconceitos que as famílias usuárias sofrem: são pobres e sem educação; pais analfabetos, crianças que não aprendem... (!!!) Há crianças que passam o dia ouvindo músicas da religião de suas respectivas professoras. Estas fazem orações e batem no peito dizendo que o melhor que podem fazer é ensinar o que os pais não ensinam, valores. Ora, valores e dogmas religiosos são duas coisas completamente diferentes. Tenho a minha fé e não abro mãe dela, mas a escola pública é laica, não tem religião. Não podemos, acima de tudo, desautorizar aquilo que para família  é um valor, defendem DALBERG, Gunilla; MOSS, Peter; PENCE, Alan . Se uma criança diz à professora que seu deus é Oxum, Maomé, Jesus Cristo ou  seja lá qual for a divindade, então o é.
Pois bem, defendo que o tempo urge e que as mudanças são para agora. Assim, sugiro  que o poder público ofereça formação específica para todo o pessoal que está envolvido com a educação das crianças pequenas. quando digo todo o pessoal, refiro-me às professoras, coordenadoras, formadoras, e, acima de tudo e todas, as chefes dos distritos. Desta forma, penso, não teremos o risco de ver cego guiando cego. Sugiro também, que as queridas e super poderosas professoras, dediquem mais tempo para o estudo dos teóricos que embasam as suas práticas e que dediquem, também, exaustivos momentos de reflexão sobre aquilo que vivenciam com as crianças. Todo conhecimento é provisório. aquilo que vimos na universidade pode ter sido refultado. A ciência não pára!!! Um grande abraço!

domingo, 22 de agosto de 2010

Um ser especial em nossas vidas!!!


"Os cães são o nosso elo com o paraíso. Eles não conhecem a maldade, a inveja ou o descontentamento. Sentar-se com um cão ao pé de uma colina numa linda tarde, é voltar ao Éden onde ficar sem fazer nada não era tédio, era paz."
(Milan Kundera)

Este é o nosso amor maior (meu e do meu companheirão Jorge Henrique). Às vezes fico me perguntando se estou louca, ou se é normal amar um cachorro como se fosse uma pessoa. Isso porque já ouvi  muitas críticas do tipo: tá precisando de terapia/ como pode declarar-se mãe de cachorro??? Decidi que não darei importância a esses comentários. Este cachorrinho me faz muiiito feliz e isso é o que importa. Quando chego em casa ele demonstra uma alegria imensa. Sua lealdade sobrepuja a de qualquer outro ser. Desta forma, declaro para quem queira ou não ouvir: eu o amo muito!!! E mais, quanto mais pessoas conheço, mais amo meu cão!!! Esta frase não é de minha autoria. Encontrei-a na net outro dia quando estava procurando pessoas que amam muitíssimo seus bichinhos de estimação. Descobrir que não sou a única louca deste mundo. Descobrir também o quanto há de sensibilidade em corresponder ao amor que esses  bichinhos têm pelos seus donos. Tem mais, Arthur Schopenhauer, um filósofo alemão do século XIX, também tinha um poodle e amava incondicionalmente seu bichinho. Ora, se Schopenhauer se permitiu tal deleite por que eu não posso me permitir também?!?!?! ANTUNES EU TE AMO DEMAIS!!! 

domingo, 8 de agosto de 2010

E a vida...

Aqui estou eu blogando. não pretendo divulgar minhas idéias, mas escrevê-las. talvez amanhã já tenha mudado de opinião. acredito que, assim como a vida, os pensamentos e o conhecimento também são efêmeros. então, o que direi hj tvz não o diga daqui a um momento, mas... td bem! quero apenas registrar como estou nos momentos que aqui chego para escrever.
Bem, o fato de me definir comor apaixonada pela vida, com seus encantos e desencantos, ocorreu-me desde quando passei a compreender que a dor, assim como, a solidão, são condições dramaticamente humanas. é a condição de estar vivo. Assim, a tristeza é uma experiência pela qual todos devem passar, independente da sua crença. O fato de acreditarmos em um deus e seguirmos alguma doutrina que interprete (seja lá de que maneira) sua manifestação aos homens, não nos isenta de enfrentarmos as intempéries da vida. Desta forma, passei a conceber a vida como uma grande aventura. uma efêmera aventura. Daí a necessidade de refletirmos sobre o sentido que queremos dar a nossa existência, cientes de que a dor estará presente em muitos momentos, talvez na perda de um  ente, da pessoa amada, no enfrentamento de uma doença... enfim, são situações que independem de nossa ação, são fatalidades. Elas chegam para os sábios, ricos, tolos, pobres, fervorosos e céticos. Já dizia o Rei Salomão em Eclesiastes: "Porque nunca haverá mais lembrança do sábio do que do tolo; porquanto de tudo, nos dias futuros, total esquecimento haverá. E como morre o sábio, assim morre o tolo"! É isto, não importa a nossa condição aqui nesta vida, à condição de estar vivo está reservada boas e más surpresas.  Já dizia Nietzsche, na experiência da vida o sofrimento é inevitável!!! Não se trata de comodismo, mas o ideal, talvez, seja compreender como a vida se dá e achar saídas.. Também não se trata de uma doença, depressão, mas de uma determinada relação com a própria existência.